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Foto do escritorRafael Braz

"Palm Royale" é boa mistura "Mad Men" e "Big Little Lies"




“Palm Royale”, nova série da AppleTV+, carrega o padrão de qualidade da plataforma hoje responsável por boa parte de um conteúdo mais “premium” no streaming. Ambientada em 1969, a série traz ambientação não muito diferente de “Mad Men”, com reconstrução de figurinos, hábitos e ambientes da época, mas mira mesmo em obras como “Big Little Lies” ou “Little Fires Everywhere”.


Com cinco episódios já disponíveis, a série baseada no livro de Juliet McDaniel tem início com Maxine (Kristen Wiig) fazendo de tudo para pertencer à alta sociedade de Palm Beach. Ex-miss, mas em uma situação financeira complicada, ela invade um clube tradicional e tenta interagir com a nata social do lugar, Evelyn (Alisson Janney), Dinah (Leslie Bibb) e Mary Jones (Julia Duffy), mas sem sucesso.


Quando Maxine vê uma oportunidade de participar daquele mundo tão exclusivo, ela não pensa duas vezes nas consequências éticas ou legais de seus atos. Assim, logo ela passa a fazer parte do ciclo, pelo menos nas aparências, e a lidar com a alta sociedade que obviamente ela não tem dinheiro para acompanhar.



“Palm Royale” pode ser ambientada no final da década de 1960, mas é devidamente pensada para um público dos anos 2020. A fotografia em tons pastéis, os enquadramentos e, principalmente, o texto parecem pensados para que trechos da série viralizem em redes sociais como memes ou como vídeos de reação – e não é nenhum demérito.


Com um roteiro bem amarrado, mas sem grandes solavancos, a série se sustenta muito na força de suas personagens. Kristen Wiig finalmente tem um veículo para seu talento – Maxine é engraçada, inescrupulosa e com uma certa ingenuidade, a mistura perfeita para uma boa personagem.


É curiosa, no entanto, a maneira como o texto trata sua protagonista com pouca admiração, sem nenhum esforço para torná-la mais simpática ao espectador; o único momento em que Maxine se permite não estar obcecada com seu “golpe” é quando se aproxima de Mitzi (Kaia Gerber), uma manicure que não faz parte do universo da alta sociedade de Palm Beach.


“Palm Royale” aposta em um certo anacronismo. Sim, tudo é reconstruído detalhadamente, mas o discurso é bem mais atual do que deveria ser. A feminista vivida por Laura Dern, por exemplo, parece muito mais envolvida com questões contemporâneas do que com as de 1969. É interessante como a série tira proveito do período em que é ambientada para desenvolver alguns conflitos e até personalidades de suas personagens.



Apesar de toda excelência na produção, do acertado tom de humor e do elenco principal, “Palm Royale” tem dificuldade de engrenar. O público não entende ao certo a protagonista, principalmente quando algumas informações são reveladas. Maxine não é uma sociopata, o que talvez fosse até divertido para a série e justificasse a ânsia da personagem. Assim, em determinado momento, o público apenas se pergunta o porquê daquelas atitudes, sem nunca exatamente compreendê-las.


“Palm Royale” é uma série com visual incrível, figurinos que ajudam a contar a história e uma narrativa que agrada, principalmente se não for muito questionada. Kristen Wiig é ótima e o resto do elenco, com destaque para Alisson Janney, acompanha. O texto dá umas derrapadas e às vezes até requer um pouco de paciência, mas tudo se encaixa na temática de que as “aparências importam” da série. 



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