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Foto do escritorRafael Braz

O medíocre "Alerta de Risco", da Netflix, e três boas dicas do streaming



“Alerta de Risco”, novo lançamento da Netflix, é um filme tão genérico que é até difícil escrever sobre. Pensando como uma espécie de “filme de Liam Neeson” para Jessica Alba, o resultado do longa da cineasta Mouly Surya é diferente, pouco autoral – na verdade, o filme se aproxima muito do que seria uma temporada inteira de “Reacher” espremida em 100 minutos de duração, e isso não é um elogio.


Com roteiro escrito a seis mãos (o que nunca é um bom sinal), “Alerta de Risco” tem início em uma operação secreta na Síria. Lá, conhecemos Parker (Jessica Alba) durante uma perseguição sobre a qual pouco sabemos. Essa sequência serve apenas para estabelecer a personagem como a heroína, uma mulher com forte senso ético e muito habilidosa tanto em combate corporal quanto na utilização de armas. Após a ação, Parker recebe uma ligação de um antigo amigo com uma notícia devastadora: seu pai morreu soterrado na mina em que trabalhava.


Parker então volta para sua pequenina cidade natal para lidar com a morte de seu pai. Por lá, reencontra velhos amigos, amores, desafetos e fantasmas, tudo na mais plena normalidade dos filmes de retorno para casa. Claro, ela descobre também algo muito sinistro acontecendo por lá, algo que pode ou não ter a ver com a morte de seu pai.



Tudo em “Alerta de Risco” é imediato, sem respiro, encadeado de forma artificial em nome de uma suposta agilidade da trama. Não funciona. É fácil prever muitos dos acontecimentos justamente pela necessidade imediata de se estabelecer os personagens em cima de estereótipos: o ambicioso político que manda na cidade, os encrenqueiros, o sujeito de bom coração…


A tão buscada (e nunca encontrada) urgência da trama também tira peso da narrativa. Parker nunca enfrenta nenhum problema para entrar ou sair de lugares ou para descobrir informações importantíssimas, tudo entra na conta de um amigo hacker ou da própria habilidade da protagonista.


A comparação do parágrafo inicial com a série “Reacher”, do Amazon Prime Video, se dá em diversos aspectos. O primeiro é na estrutura básica de uma “forasteira” que chega para mexer com uma comunidade inteira, outra é no incômodo recente que produções do mainstream hollywoodiano têm me causado, da morte como uma banalidade. Parker é capaz de cortar o pescoço de um capanga e, na mesma cena, fazer algum comentário engraçadinho – a morte não tem peso, a violência é justificada a partir do momento em que seus alvos são estabelecidos como pessoas ruins. 



Como filme de ação, “Alerta de Risco” é genérico, mas tem bons momentos. Jessica Alba retorna a seus dias de “Dark Angel” com coreografias competentes, entrega e muita energia nas cenas de luta. Quando o filme recorre ao melodrama, e ele o faz com frequência, fica visível a pouca intimidade da atriz com o gênero; talvez por isso todos esses momentos são breves, sem oferecer muito tempo para o espectador analisar qualquer coisa.


Talvez seja essa a intenção, um filme tão superficial e genérico que passe despercebido, sem grandes solavancos, para o público pouco exigente da Netflix, um consumidor ávido pelo conforto, disposto a assistir a um filme enquanto faz outra coisa ou pela pequena tela do telefone. Se você, no entanto, busca por um pouco de qualidade, não perca seu tempo.



DICAS


Ferrari (Prime Video)



“Ferrari” talvez não seja o filme que todo mundo esperava de um Michael Mann, mas o filme é um estudo de personagem de um homem conduzido pelo luto. O filme acompanha Enzo Ferrari (Adam Driver), um ano após a morte de seu filho, em uma época em que a empresa e seu casamento andam mal. O filme tem ótimas cenas entre Driver e Penélope Cruz, além de boas sequências de corridas – há muito mais no filme do que as cenas de computação gráfica que viralizaram para criticá-lo. Michael Mann é sempre Michael Mann.


Ultramen: A Ascensão (Netflix)



Que boa surpresa foi assistir a “Ultramen: A Ascensão”. O filme em animação pega o personagem clássico e o coloca em uma história cheia de afeto, com uma complexa relação familiar. O filme tem nostalgia para os fãs antigos, mas funciona mesmo é como um produto novo, com ação na medida certa, ótimas lutas de kaijus e uma história que emociona. 


Gangues da Galícia (Netflix)



“Gangues da Galícia” não é a ótima “Mar Branco” (“Rabo de Peixe”), mas é um produto interessante e também baseado em uma história real. Após o assassinato de seu pai, Ana se muda para a Galícia para conhecer o verdadeiro passado dele e acaba às voltas com o herdeiro de uma das mais tradicionais famílias criminosas da região.



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