O Amor Sangra (Max)
Sabe quando os mais jovens gerações perguntam, numa guinada extremamente conservadora, sobre a “necessidade” de cenas de sexo em filmes e séries? “Love, Lies, Bleeding: O Amor Sangra” mostra que, sim, existe necessidade para essas sequências.
O filme da diretora Rose Glass (“Saint Maud”) se passa no Novo México, nos anos 1980, quando Lou (Kristen Stewart), filha do poderoso “líder” local (as aspas são importantes), conhece Jackie (Katy O’Brian), uma aspirante a fisiculturista disposta a tudo para se destacar num concurso.
Com química entre atrizes impecável e uma ótima construção de ambiente, o primeiro ato do filme é sustentado pela luxúria, pelo desejo daquelas mulheres de estarem juntas, mesmo em um ambiente não muito favorável. Quando tudo se desenvolve, porém, o filme ganha novos contornos. “O Amor Sangra” mergulha na violência, se aproximando de obras como “Marcas da Violência” (e com Ed Harris em um papel até similar) antes de abraçar o absurdo do terceiro ato.
Violento, com boas atuações, trilha sonora cheia de sintetizadores e uma boa dose de esquisitice, o filme opta por caminhos nem sempre seguros, mas sua ousadia é admirável, mesmo que, por vezes, faça a escolha que parece não ser a mais acertada.
O Urso (Disney+)
Uma de minhas séries favoritas desde sua estreia, “O Urso” chega à terceira temporada sem nunca se repetir. Na nova leva de episódios, o restaurante de Carmy (Jeremy Allen White) e Sydney (Ayo Edebiri) está em pleno funcionamento e movido pela obsessão de conquistar uma estrela Michelin.
A nova temporada serve para acabar de vez com qualquer possibilidade de “O Urso” ser considerada uma comédia. Os episódios alternam entre dramas pessoais, questões de saúde mental e o caótico funcionamento de uma cozinha de alto nível. Impressiona como o texto deixa clara a pressão sofrida por cozinheiros profissionais – sim, há um exagero, mas é exatamente isso que torna a série tão especial.
“O Urso” utiliza humor situacional como alívio, um breve respiro em meio ao caos. Os episódios vão da pura calmaria ao mais puro desespero, mas sempre cheios de afeto, significados e, principalmente, personagens muito interessantes, dos protagonistas aos coadjuvantes que talvez pareçam pouco importar, mas que se tornam, de alguma forma, essenciais.
Cobra Kai (Netflix)
Se você ainda tem paciência para “Malhação com Caratê” de “Cobra Kai”, a primeira parte da última temporada (finalmente) da série acaba de chegar à Netflix. Tudo continua como antes, no que parece ser um mundo particular onde caratê entre adolescentes é uma das coisas mais importantes do mundo. “Cobra Kai”, a seu favor, sabe se aproveitar da nostalgia de “Karate Kid” e criar um produto novo, que funciona tanto para quarentões nostálgicos quanto para jovens que enxergam no núcleo adolescente da série seus pares. É boa? Não necessariamente, mas funciona.
Boyhood – Da Infância à Juventude (Netflix)
O belíssimo filme de Richard Linklater (sempre um cineasta que merece ser assistido) foi filmado ao longo de 12 anos, acompanhando o jovem Mason (Ellar Coltrane), como diz o título brasileiro, da infância à juventude.
“Boyhood”, porém, vai além dessa particularidade. Ambicioso, mas delicado, o filme fica entre o cinema “de arte” e o popular, algo que Linklater faz muito bem.
As Ondas (Prime Video)
Um dos mais belos filmes a passarem despercebidos pelo Brasil, “As Ondas” chega ao Prime Video, mas permanece escondido dentro do bom catálogo da péssima plataforma da Amazon.
O filme de Trey Edward Schultz é delicado, cheio de afeto e, ao mesmo tempo, pesado, quase desesperador. O texto acompanha uma família negra na Flórida às voltas com o luto que muda toda a dinâmica familiar.
O filme trata de amor e, principalmente, sobre a necessidade de seguir em frente mesmo diante dos momentos de dor.
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