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Foto do escritorRafael Braz

"Fallout", do Prime Video, é ótima! Uma aula da adaptação de games para as telas



Com o primeiro jogo lançado em 1997, “Fallout” é um dos universos mais legais criados para o mundo dos games. O violento futuro pós-apocalíptico dos jogos é cheio de criaturas mutantes, facções, mas tudo com boas histórias, bons personagens e, principalmente, com uma excelente criação de universo. É impossível, para mim, dizer quanto tempo foi gasto com “Fallout 3”, “Fallout: New Vegas” e “Fallout 4”, jogos que demandam envolvimento, mas que oferecem grandes recompensas ao jogador.


Com um universo tão rico e cheio de possibilidades, “Fallout”, série da Amazon Prime Video, explora a nostalgia dos jogos, mas oferece uma experiência nova. A série produzida por Jonathan Nolan e Lisa Joy (“Westworld”) utiliza conceitos, histórias e ambientações dos jogos, mas é um produto diferente, uma nova história naquele universo cheio de possíveis boas histórias.


A série acompanha Lucy (Ella Purnell), moradora de um dos refúgios construídos há mais de 200 anos para abrigar sobreviventes do conflito nuclear. Tudo no refúgio é regrado e organizado; quando conhecemos Lucy, por exemplo, ela está se candidatando para um casamento com um jovem de outro abrigo, pois já “passou da idade de brincar de sexo com os primos de lá”. 



No dia do casamento, porém, as coisas saem do controle e Hank (Kyle MacLachlan), pai de Lucy, é sequestrado por uma facção da superfície. Disposta a resgatar o pai, Lucy vai encarar a radioatividade e os perigos dos Ermos pela primeira vez, sem saber muito bem o que vai encontrar lá em cima. 


Apesar de ter em Lucy sua protagonista, “Fallout” tem outros arcos e outras histórias interessantes. A narrativa se divide entre e ex-moradora do abrigo, o necrótico vivido por Walton Goggins (ótimo!) e recruta Maximus (Aaron Moten), um membro da Irmandade do Aço, oferecendo diferentes dinâmicas ao texto e a possibilidade de explorar diversos aspectos do universo de “Fallout”.


Um dos grandes acertos da primeira temporada (já tem uma segunda confirmada) é que a série introduz os personagens separadamente, mas não enrola para reuni-los em torno de um mesmo arco, mesmo entre encontros e desencontros. 



Cada um deles leva algo diferente à narrativa/ Lucy é encantadora, educada, inteligente, mas tem a ingenuidade de quem viveu em uma bolha; o necrótico, por sua vez, é um sobrevivente, um dos mais famosos caçadores de recompensa dos Ermos, conhecedor de todos os perigos do lugar; já Maximus funciona para levar o espectador para perto daquelas armaduras da Irmandade (muito bem reproduzidas) que sempre ilustraram as artes dos jogos, mas também tem arco emocional bem desenvolvido.


“Fallout” é esperta, violenta e divertida. A série acerta muito ao acenar para o público dos jogos, sendo muito fiel a cenários e referências, mas criando uma história nova e fugindo, assim, de comparações que inevitavelmente surgiram com uma adaptação. A série do Prime Video é também tecnicamente muito boa, com bons efeitos e um tom meio fantasioso, com um ar de anos 1950, mas em uma realidade árida e perigosa. A recriação de algumas locações é incrível e funciona como um afago aos amantes dos jogos.



O texto se esforça para conectar alguns personagens, principalmente Lucy e o Necrótico, com algumas soluções que acabam sendo inevitáveis no desenvolvimento da série. Quando tudo se encaixa, as coisas fazem sentido. Em flashbacks, conhecemos o personagem de Goggins no passado, um ex-cowboy que virou estrela de cinema, e nos questionamos aonde aquele arco vai chegar, mas o desfecho funciona. Da mesma forma, a continuidade da história do abrigo após a saída de Lucy parece estranha, mas se mostra necessária adiante.


Narrativamente, a série faz uma escolha interessante, com arcos se encerrando a cada episódios, mesmo que sejam retomados mais adiante. Isso não apenas confere ritmo à série, mas também olha para o mundo dos jogos, com missões paralelas a serem cumpridas a todo instante. 


A série acerta no tom, na violência, na construção de mundo e no suspense, que nunca é gratuito; o texto nunca depende do mistério para caminhar ou para manter o interesse do público na série, apenas o utiliza como parte do desenvolvimento. Mesmo que não seja o “Fallout” dos jogos, e felizmente nem tenta ser, “Fallout”, a série, é uma excelente adição ao já rico universo dos games e uma história que até dá vontade de ser jogada.







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