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Foto do escritorRafael Braz

Em 3ª temporada, "Bridgerton" aposta no amor idealizado e em ótimo gancho



“Bridgerton” é uma série com dinâmica interessante. Baseada em uma série literária que tem novos protagonistas a cada livro, sempre de alguma forma voltada à família que dá título à série, ela consegue manter um frescor a cada nova leva de episódios sem precisar de grandes surpresas ou trapaças do roteiro. O grande segredo do texto é apresentar os futuros protagonistas gradualmente, dando a eles cada vez mais relevância e profundidade até que chegue, de fato, a hora deles brilharem.


Em sua terceira temporada, ao menos na primeira parte, já que os outros quatro episódios chegam em 13 de junho, “Bridgerton”, quem diria, está em plena transformação. É uma nova temporada no universo da série, com as jovens solteiras sendo introduzidas à sociedade em busca de um partidão para chamar de seu. 


A jovem da vez na família Bridgerton é Francesca (Hannah Dodd, substituindo Ruby Stokes), personagem de pouquíssimo destaque nas temporadas anteriores, mas que agora finalmente debuta na sociedade. Ao mesmo tempo, Penelope (Nicola Coughlan) lida com ter sido descoberta como Lady Whistledown por Eloise (Claudia Jessie).



Enquanto tudo gira em torno da “temporada” de debutantes e da busca por um bom marido, “Bridgerton” conta suas histórias principais à margem disso. Na nova temporada, há diversos arcos, para quase todos personagens, alguns em preparação para assumir o protagonismo nas próximas temporadas, outros como desenvolvimento e profundidade de universo. 



Francesca traz um olhar diferente ao universo de “Bridgerton”. Ela parece não ligar muito para todos aqueles ritos, as formalidades, querendo apenas encontrar um grande amor em um mar de supostos pretendentes. 


Quem assume a outra parte do protagonismo é a dupla Colin e Penelope. Ele, como o solteiro mais cobiçado da temporada, ela, por sua vez, como uma espécie de “azarão”, uma jovem um pouco mais velha que suas concorrentes e às voltas com alguns segredos. O legal de tê-los no centro é que a história deles já havia sido iniciada na segunda temporada – o que justificou os produtores terem adiantado-a do quarto livro.



Coughlan e Newton são ótimos juntos. Penelope e Luke são amáveis e engraçados, com a relação entre eles sendo desenvolvida sem muita pressa, quase num ritmo novelesco, um dos charmes da série. O arco romântico tem um quê de jogo de sedução, encontros e desencontros, ou até mesmo um simples jogo de gato e rato. A ideia é justamente levar o espectador a se questionar “por que eles não ficam juntos logo?” enquanto clica no próximo episódio na sequência.


É interessante perceber como a ótima minissérie “Rainha Charlotte” coloca o espectador em outro lugar ao lidar com alguns personagens de “Bridgerton”. Ao conferir profundidade à rainha, à Lady Bridgerton e a outros personagens, a série confere desenvolvimento ao universo dos livros de Julia Quinn, nos ajudando a entender diversos aspectos da série “principal” que antes pareciam meio aleatórios.



Apesar de todo o conforto, de já conhecermos aquele universo e seus personagens, a primeira parte da nova temporada de “Bridgerton” tem alguns problemas de ritmo. Mesmo que nunca se torne desagradável, o texto se repete em alguns momentos, principalmente pela necessidade de “segurar” alguns acontecimentos para construir o gancho para a segunda parte da temporada. Assim, a impressão é de haver muita coisa acontecendo, e algumas não são tão relevantes assim.


“Bridgerton” continua com uma produção apurada, figurinos excelentes e com um texto redondo. É interessante ressaltar a mudança de tom da série, que, após uma primeira temporada bem sensual, hoje se preocupa mais com a idealização romântica clássica em meio a um roteiro que, supostamente, quebraria paradigmas.


Ainda assim, a primeira parte da terceira temporada de “Bridgerton” é boa. O único incômodo é que tudo parece girar em torno do gancho (um ótimo gancho, vale dizer) para os próximos episódios, quase como se para obrigar o público a assinar a Netflix “só por mais um mês”. Bem, ao menos 13 de junho não é tão longe assim.




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