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Foto do escritorRafael Braz

"Avatar: O Último Mestre do Ar" é ótima aventura, mas tem um porém...




Antes de qualquer coisa, uma informação se faz necessária sobre este texto. A verdade é que eu não tenho nenhum apego à série de animação “Avatar: The Last Airbender”, tendo apenas recentemente assistido à primeira temporada como preparação para produzir conteúdo sobre “Avatar: O Último Mestre do Ar”, ambiciosa adaptação em live-action lançada nesta quinta (22) pela Netflix. Sim, há também o filme de M. Night Shyamalan, lançado em 2010, do qual a nova série até pega uma ou outra ideia emprestada, mas ele será pouco usado nos próximos parágrafos.


Em oito episódios, a série da Netflix apresenta e desenvolve um universo de fantasia e aventura com eficiência. A trama tem início introduzindo Aang (Gordon Cormier), um jovem e poderoso dobrador do ar, mas também um estudante não muito disciplinado. Chega então o dia em que seu mestre, Gyatso (Lim Kay Siu), faz a revelação: Aang é o Avatar, único capaz de manipular os quatro elementos e responsável por garantir a paz num mundo ameaçado pelos avanços expansionistas da Nação do Fogo.




O problema é que Aang não lida muito bem com a informação e, enquanto voava sem rumo, acaba pego por uma tempestade e permanecendo congelado em um iceberg por mais de 100 anos. É só quando os irmãos Katara (Kiawentiio) e Sokka (Ian Ousley) o encontram, que Aang tem que lidar com o peso de tudo o que aconteceu em sua ausência. Como só existe um Avatar vivo, o mundo está sem seu defensor há mais de um século, período em que a Nação do Fogo tocou o terror por lá.


“Avatar: O Último Mestre do Ar”, a série da Netflix, tem início bem similar à animação da Nickelodeon (também disponível na plataforma), apenas introduzindo Aang antes dele ser encontrado pelos irmãos. Daí pra frente, em oito episódios, a série segue uma narrativa segura e familiar, mas muito mais cadenciada do que a animação. Por recursos narrativos ou por restrições orçamentárias (é uma produção bem cara), o texto é mais contido e se aventura menos geograficamente pelo universo criado pela série.


Isso não significa que “Avatar: O Último Mestre do Ar” seja uma série pequena, pois não é. A série comandada pelo showrunner Albert Kim é uma aventura grandiosa e até surpreendente, de certa forma, tudo potencializado pelas cordas da orquestrada trilha sonora de Takeshi Furukawa (“Star Wars: The Clone Wars”), que até remete a série a algumas aventuras de Steven Spielberg.




Uma das minhas grandes críticas às adaptações live-action de animações é que normalmente é necessário um caminhão de dinheiro em efeitos especiais para levar às telas as possibilidades infinitas da animação – veja o que é feito com “Invencível”, por exemplo, que jamais funcionaria como live-action. 


Com isso em conta, “Avatar: O Último Mestre do Ar” é um risco ainda maior do que a bem-sucedida adaptação de “One Piece”, já que toda sua trama depende de pessoas manipulando diferentes elementos. Neste ponto, é importante ressaltar, “Avatar” se sai bem melhor do que eu esperava. 


Desde a sequência de abertura, a série traz bons efeitos visuais nas cenas em que personagens utilizam seus poderes. Assim, os combates são sempre interessantes, criativos e cheios de possibilidades, com os lutadores de cada “elemento” utilizando técnicas distintas. Da mesma forma, as nações são ricas em detalhes, alguns claramente digitais, como a Nação de Gelo do Norte, mas outras com pegada mais humana, como Omusha. 





Em alguns momentos, porém, principalmente quando busca de fato a pegada da animação, Aang parece um boneco de videogame, mostrando exatamente a fronteira entre o que funciona e o que não funciona na nova série da Netflix.


Como narrativa, “Avatar: O Último Mestre do Ar” é bem agradável. A jornada do herói de Aang é bem desenhada e até bem óbvia – ele precisa se conhecer e entender o mundo que o cerca para ser uma pessoa melhor e, com isso, o prometido “salvador”. Com o live-action, a série ganha ares mais melodramáticos em alguns momentos, principalmente para dar mais profundidade a  Katara a Sakko, mas nunca em exagero. 


O texto faz a acertada escolha de desenvolver o príncipe Zuko (Dallas Liu) e seu tio, Iroh (Paul Sun-Hyung Lee), além dos conflitos, tornando-os, com isso, personagens mais complexos e interessantes, capazes de despertar empatia do espectador, o que também acontece no material original.




“Avatar: O Último Mestre do Ar” deve funcionar bem com quem nunca viu a série original ou não tem apego a ela – é uma aventura confortável, bem feita, com boas lutas e um universo rico. Porém, para os fãs da animação criada por Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko, que se afastaram da produção da Netflix por diferenças criativas, os rumos live-action talvez não sejam os esperados. Mesmo que o espírito do material esteja ali, não é a mesma coisa e não entrega o mesmo encanto que uma animação possibilita. Afinal, uma mídia diferente oferece possibilidades diferentes.








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